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Exposição

 

O artista André Carvalho partiu de sua casa à beira do Córrego do Capão, em Venda Nova – Belo Horizonte, e percorreu morros e vales em Contagem, Belo Horizonte e Sabará, indo ao encontro de paisagens de águas e de seus habitantes. Encontrou-se com pessoas que são referência de uma política ambiental que é praticada a cada dia, na luta e na lida cotidiana pela sobrevivência de cursos d'água: Cercadinho, Ferrugem, Capão, Acaba Mundo, Joões, Izidora, Onça, Arrudas, Brejinho, Maria Brasilina, Tamboril. As histórias de vida dessas pessoas e grupos são tesouros a serem protegidos, tais quais nascentes perenes, de onde jorram o passado, o presente e o futuro das águas da nossa região. Cuidar dos territórios do Arrudas e do Onça é cuidar para que água de qualidade e em quantidade seja entregue para o Rio das Velhas, para o Rio São Francisco e para os oceanos. 

 

Histórias

à beira d'água

Estes vídeos acompanham a Exposição fotográfica "Lembra: isto é rio", que acontece nas grades do Parque Municipal Américo Renné Giannetti, na Av. Afonso Pena, em Belo Horizonte, entre 05 e 30 de junho de 2024. 

Acesse o material de apoio!

Antônio Ruas – Toninho

Toninho é morador do bairro Jardim Felicidade desde o início da criação do bairro, cuidador da nascente da Felicidade e engajado nos movimentos pela recuperação do Córrego Tamboril. Ele nos conta de quando o rio era limpo e as pessoas tomavam banho, cozinhavam, lavavam roupa com suas águas. "Vi esse córrego com água limpa, vi também o processo dele morrer e, agora, a luta para recuperar e renovar o córrego."

Cecília Rute de Andrade

Cecília participou do processo de mobilização que levou à construção do Parque Ecológico do Eldorado no início dos anos 2000. O terreno onde se localiza hoje o parque estava destinado à construção de um hospital, mas o projeto foi modificado quando descobriram que o local era uma "verdadeira caixa d'água". Cecília reflete sobre seu amor pelas nascentes, pela natureza. Ela se considera uma ambientalista, que daria sua vida para salvar uma nascente, para despoluir um rio.

Comum

O nome do projeto Lembra: isto é rio é uma referência à frase pixada pelo artista Comum, nas vigas de concreto do canal do Ribeirão Arrudas, na região central de Belo Horizonte. Neste depoimento, ele reflete sobre seu trabalho como uma forma de falar sobre a cidade e como caminho para construir um imaginário do Comum. Há quase 15 anos vive no Vale do Arrudas e fez essa pixação quando estava em andamento o tamponamento do rio pelo Boulevard Arrudas. Ele considerou este projeto como um decreto de falência, a comprovação da incapacidade do poder público de recuperação daquelas águas. Mas, considera ainda que este seja um estado temporário e espera que no futuro o rio possa recuperar sua vocação de rio.

Elenilza Brito

Ao chegar à Horta Comunitária do Novo Aarão Reis, não é raro avistar Elenilza tirando matinhos, mudas de flores ou regando os canteiros com ervas, verduras e legumes. Ela é moradora do bairro Novo Aarão Reis, em Belo Horizonte, desde a época da construção das primeiras residências, conquistadas por movimento de moradia na década de 1990, e é uma pessoa que dedica cuidados cotidianos às tantas plantas com quem convive.

Ernesto Soares da Conceição – Seu Nonô

Há mais de vinte anos, Seu Nonô se dedica ao cuidado do Córrego dos Joões, que passa nos fundos de sua casa, no bairro Saudade, em Belo Horizonte. Junto de sua família, ele já retirou mais de trezentas caçambas de entulho do córrego e interceptou o esgoto de vinte casas, promovendo uma verdadeira recuperação ambiental desse trecho de rio, aos pés da Serra do Curral. 

Gilda Pereira

Gilda Pereira é cuidadora do Jardim Esperança, na beira do Córrego Capão e em frente à sua casa. Ela começou o trabalho para evitar que o lugar se tornasse um bota-fora, destino comum para as beiras de rio urbanas. Hoje as pessoas ocupam a rua e trazem as crianças para brincar. Quando Gilda chegou ao bairro, o córrego era limpo, dava para pescar piabinhas com peneiras, havia tilápia, sarapó, tatu, teiú, preá. Atualmente, as águas do córrego estão contaminadas por esgoto e resíduos, mudanças que Gilda acompanhou a partir da década de 1970.

Maria da Consolação dos Santos – Dona Didi

Didi é uma experiente cuidadora de bebês recém-nascidos. Há mais de 45 anos, ela acompanha famílias nos primeiros dias de nascimento de uma criança, esse momento de início da vida, ainda frágil e delicada. Durante o período da pandemia do coronavírus, Didi ficou um tempo sem trabalhar fora de casa. Ela precisava empenhar sua força de cuidado em alguma atividade. 

Decidiu se dedicar ao plantio em um terreno em sua rua, no bairro Jardim Guanabara, onde ela sempre havia visto brotar, dia e noite, uma água limpa. Este local é a cabeceira do Córrego do Caixeta, que, afora este ponto de nascente, nunca vê a luz do dia, já que segue seu curso escondido sob a Rua Professor Rubens Guelli, até desaguar no ribeirão Izidora.

Majô Zeferino

Majô é professora e conselheira do Subcomitê da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Onça. Moradora da vizinhança do Parque Nossa Senhora da Piedade, esteve envolvida desde o início das mobilizações pela consolidação do parque, no contexto do programa Drenurbs. Quando ela se mudou para o bairro Guarani, em Belo Horizonte, era comum nadar nas nascentes do Córrego Nossa Senhora da Piedade, onde algumas pessoas criavam peixes.

Maria José Magaton

Maria José Magaton Costa é conhecedora de preparos com plantas medicinais e atua junto ao Comupra (Conselho Comunitário Unidos pelo Ribeiro de Abreu) e ao movimento "Deixem o Onça beber água limpa". Os grupos atuam na criação do Parque Ciliar Comunitário do Ribeirão Onça, que acompanha o percurso do rio em oito bairros, por cinco quilômetros e meio. A meta do movimento, “nadar, pescar e brincar no Ribeirão da Onça até 2025”, é prejudicada pela deficiência na interceptação e no tratamento dos esgotos – responsabilidade das prefeituras e da Copasa.

Maria Conceição Amaral – Sãozinha

Sãozinha é uma das cuidadoras da agrofloresta do Parque do Brejinho, cujo cultivo propiciou o reaparecimento de algumas das nascentes difusas que dão nome ao Brejinho. A floresta, que ocupa parte do parque, é exuberante e densa de espécies de plantas de variados tamanhos e tipos, e tem sua manutenção realizada em mutirões, como o que se realizava no momento deste registro. O parque tem uma história marcada pela mobilização popular no cuidado com as áreas verdes urbanas, assim como vários parques nas bacias do Onça e do Arrudas.

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